Yoga Mental

do livro “Trabajos Parapsicologicos Infalibles”, Jose Maria Herrou Aragon

1. O domínio mental

a. O terceiro fluxo

                Cada ser humano possui três fluxos, três substâncias que fluem sem cessar. Da mais densa à mais sutil, elas são o sêmen, o prana e o pensamento. No antigo idioma sânscrito da Índia, se os denomina respectivamente bindu, prana e chitta. Por essa razão dividimos neste livro os yogas em três: sexual, respiratório e mental. O dividimos em três partes para sua melhor compreensão, mas o yoga é só um.

                Para controlar os três fluxos devemos começar pelo mais denso, para logo ir dominando os restantes. Não se pode controlar a respiração se não controlou o sexo antes. Da mesma forma, não é possível controlar o mais sutil e instável dos fluxos – a mente – se não obteu um perfeito domínio dos dois anteriores.

                Estes três fluxos nos mantêm amarrados ao plano físico, à alma e à maya. É fundamental liberarmos o máximo possível de sua tirania. Para isso estão os três yogas. Os fluxos devem ser aquietados primeiro e imobilizados depois. A concentração do sêmen e do prana facilita a concentração mental. Assim como há uma abstinência sexual e respiratória, deve haver também uma abstinência de pensamentos. Não se podem saltar as etapas, o processo começa no sexo, segue com a respiração e conclui no pensamento. A abstinência sexual deverá dar-se nos três planos inferiores: físico, emocional e mental. A abstinência sexual física será a ausência do orgasmo, a abstinência sexual emocional será a ausência de desejos sexuais, a abstinência sexual mental será a ausência de pensamentos sexuais, e assim no todo.

                Aquietar e deter o sexo, a respiração e o pensamento, esse é o objetivo imediato do yoga. Este objetivo pode cumprir-se em solidão ou com companhia, durante o maithuna ou fora do maithuna. A suspensão dos três fluxos permite grandes conquistas espirituais.

b. Controle de pensamentos

                A substância da mente ou chitta, está em permanente efervescência e agitação, em permanente movimento. A compararam com um macaco que salta de um lado a outro, de uma imagem a outra. O pensamento é o fluxo mais difícil de dominar.

                O terreno mental é onde se trava a última grande batalha. Um dos objetivos finais do yoga é a conquista da mente. O pensamento tem grande poder, e quem conquista seus pensamentos pode conquistar o mundo.

                A forma de conseguir aquietar a agitação e a modificação constante dos pensamentos é a prática dos yogas sexual e respiratório. A concentração sexual e respiratória produz concentração mental. O controle do sexo e do alento inside no controle dos pensamentos. Sem o domínio dos dois yogas anteriores nada poderia fazer-se.

                A tudo isto podemos agregar a auto-influência psíquica. É interessante experimentar com ordens como estas: “quero que minha mente fique vazia de pensamentos”, “quero que se vão todos os pensamentos de minha mente inferior”, “quero que desapareça a mente inferior que se coloca entre meu espírito e eu”, “quero que seja meu espírito que pense”, etc. Com a auto-influência psíquica podemos não só anular traumas infantis ou anular toda nossa história pessoal, com ela é possível até deixar a mente sem seus pensamentos.

                É fundamental aquietar a mente, suas oscilações e seu errante vagar. Isso contribuirá para reconquistar a liberdade.

c. O vazio mental

                O pensamento lógico é uma armadilha, um obstáculo para a realização mística. Disse o Advaita Vedanta: “o pensamento é uma enfermidade da consciência”. O pensamento gera este universo. Todo este mundo é nada mais do que um jogo da mente. O universo não existe como tal, é só a projeção da mente humana. O universo não existe fora da mente e a mesma mente é uma ilusão. No mundo criado o único real é o espírito verdadeiro e eterno.

                As modificações da mente produzem ainda a sensação do decorrer do tempo. O tempo é uma ilusão. Só existe o Eterno Agora. O tempo é um invento da mente, ao vencer aos pensamentos se vence o tempo.

                Não é suficiente aquietar os pensamentos, todo o processo mesmo do pensamento deve ser abolido e desarmado. Toda a cadeia de pensamentos deve ser desarticulada. Toda a vida do homem é uma rede de maya. Ao romper-se o processo de pensamentos se rompe maya. Liberar-se de maya, das modificações da substância pensante e das identificações com os fenômenos é um dos objetivos do yoga. Os pensamentos devem ser aquietados primeiro e desintegrados depois.

                Para produzir o vazio mental é preciso deter o monólogo interior. Permanentemente estamos falando mentalmente com nós mesmos: “tenho que fazer isto”, “que lindo é aquilo”, “amanhã irei ao campo”, etc. Esse é o monólogo interior, repetir verbal e internamente toda classe de estupidez todo o tempo. Esse é o grande inimigo do homem. As palavras, ainda que sejam pronunciadas mentalmente, são as que sustentam todo o processo do pensamento, o véu de maya que nos impede de contemplar a realidade verdadeira. As palavras internas sustentam o pensamento. Anulando-as, se anula este. Isto é importante, ao cessar o monólogo interno cessa o pensamento, e se cessa o pensamento cessan os falsos eus da alma.

                Para suspender o monólogo interior é preciso sentar-se comodamente, com os olhos fechados. Devemos nos esforçar para não pronunciar nenhuma palavra nem frase mentalmente. Devemos nos concentrar apenas em nossa respiração lenta, no kumbhaka respiratório e na elevação das emanações sexuais, mas não devemos pronunciar nenhuma palavra nem frase mentalmente. Se conseguimos, perceberemos primeiro um ponto negro que vai aumentando de tamanho até cobrir quase completamente todo o panorama frente a nós. Sempre mantendo os olhos fechados e com ausência total de monólogo interior, chegará um momento em que essa mancha negra em nossa frente cobrirá toda nossa visão interna, produzindo-se o vazio total da mente, seu colapso completo. Neste momento a pessoa fica totalmente adormecida, em transe, sem mente, sem pensamentos. Se está deitada se produz imediatamente o sono e a viagem astral. Enquanto pratica a evitação do monólogo interior, o yogi pode visualizar imagens se o deseja, só as palavras internas estão proibidas. No momento que a mancha negra aumenta de tamanho, as visualizações do yogi desaparecem. Logo sobrevém o vazio mental total.

                É conveniente praticar diariamente o vazio mental, a abolição do monólogo interior. Insistir e persistir diariamente. Ao deter o monólogo interno desaparecem os pensamentos e surge o vazio total. Ao esvaziar a mente, esta fica clara e pode perceber sem obstáculos. Ao suspender o monólogo interior se obtêm resultados de imediato, se abrem portas e tudo se faz possível.

                É nesse vazio onde se travará a batalha final pelo destino do homem. Ao produzir-se o vazio as duas forças opostas, a alma e o espírito, ou Deus e o anti-Deus, se enfrentarão entre si, lutando cada um por ocupar esse lugar.

2. O Espírito Eterno

a. Os adversários

                Poucos homens sabem que no mais profundo de seu ser se encontra prisioneiro e oculto um espírito eterno. Ninguém tampouco fala sobre este tema. Esse espírito prisioneiro deseja liberar-se e atuar sobre o mundo, mas está impedido de fazê-lo. Por isso é necessário redescobrir os verdadeiros yogas que permitam tornar o homem consciente da triste situação em que se encontra, dotando-o das armas necessárias para encontrar a prisão secreta onde encontra seu espírito e liberá-lo.

                O yoga sexual que descrevemos aqui é a base de tudo isso, os outros dois yogas apenas o complementam. Este yoga sexual fortalece o homem convertendo-o em um guerreiro. Também prepara o terreno, o vazio, o campo de batalha onde a luta final será travada. Este vazio é um vazio de desejos e pensamentos inferiores apenas, pois detrás dele se encontram a “alma divina temerosa de Deus” e o espírito eterno, vingativo e colérico. Eles são os adversários, os inimigos. A alma é mortal, mas tem a Deus a seu lado. O espírito é eterno e está só. Só um deles poderá reinar depois desta luta final.

b. A luta

                Dissemos que o espírito eterno se encontra tão afastado e isolado que o homem comum nem sequer suspeita de sua existência. Dissemos também que a única forma de liberá-lo é através das técnicas de yogas verdadeiros, a serviço do espírito. Eles possibilitarão a liberação do espírito das redes que o aprisionam, e sua posterior manifestação sobre o mundo. Estamos falando da luta pela liberação do espírito. Uma vez liberado, o espírito encarará uma luta mais, da qual falaremos: a batalha final e definitiva.

                Se se utilizam técnicas de auto-influência, poderão repetir-se diariamente antes do sono ordens como esta: “quero que seja liberado meu espírito verdadeiro e eterno”, “quero que meu espírito eterno se manifeste em mim e no mundo”, e coisas do tipo. Também podemos recorrer à auto-influência psíquica para pedir a nosso espírito eterno que nos solucione qualquer problema ou inconveniente que tenhamos em nossa vida diária. E ele o fará.

                Persistindo, se obterá a liberação completa e definitiva. Ao princípio será por breves momentos que poderemos visionar sua existência e poder. Logo esses períodos serão cada vez maiores, até o triunfo definitivo. Quem percebeu a presença e o poder de seu espírito, jamas o esquecerá. Desejará dedicar os maiores esforços e sua vida inteira, à tarefa de contatar-se com ele e liberá-lo.

c. A liberação            

                Quando o espírito consegue liberar-se e tomar conta do corpo e da alma do homem, se produz a maior transformação que um homem pode alcançar em sua vida. Se trata de uma verdadeira revolução, a transmutação autêntica. O homem se transformou em espírito. O espírito transformou o homem. Esse novo homem se manifestará como espírito eterno sobre o mundo. O espírito eterno se liberou e transmutou a matéria humana para atuar sobre a criação inteira. O mundo criado e os demais homens não poderão permanecer alheios ao poder de um espírito liberado. Crerão encontrarem-se diante de um deus, mas ele é mais que um deus. Ao vê-lo atuar também haverão de vislumbrar tenuemente os verdadeiros propósitos do espírito, seus planos e sua autêntica essência.

                Seu resplendor e penetrante sabedoria fluirão sobre o mundo sem cessar e sem obstáculos. Ali se saberá o que é o amor verdadeiro próprio do espírito, um amor que o homem adormecido atual não pode nem sequer imaginar. O homem adormecido vê amor onde só há ódio, enquanto que o amor verdadeiro o perceberia como ódio em estado puro. Tal é a confusão e a loucura em que está imerso o homem comum. Quem puder contemplar o poder de um espírito liberado sobre o mundo, não o esquecerá jamás. Seria como um terremoto a nível planetário, um raio gigantesco e violento abatendo-se sobre a criação efêmera. Só ele terá o poder capaz de desintegrar a toda a criação, falsa e impura.

3. A força kundalini

a. Que é

                Kundalini é a força mais poderosa do universo que habita adormecida no interior de cada homem. É sutil e invisível ao olho normal e a representam como uma serpente enrolada e adormecida, situada na base da coluna vertebral. A maioria dos homens passa sua vida sem perceber a kundalini.

                Kundalini é o guardião e impulsor da evolução humana. Kundalini modela e remodela ao homem de acordo com um desenho que este tem impresso e constitui a última etapa da evolução humana, do impulso evolucionário no homem. Se disse que kundalini é o arquiteto de todas as formas de vida no universo criado. Kundalini é Deus no homem.

                Muito foi escrito sobre kundalini, mas quase a totalidade desses escritos estão cheios de confusão e engano. Se pretende evitar o despertar do homem, ou pelo menos conseguir que se desperte seja tarde demais para salvar-se. Muito poucos sabem quem é realmente kundalini e qual é sua missão. Um estranho livro aparecido na internet, entitulado “El microcosmos como organismo”, é até agora o único realmente valioso e esclarecedor que pode encontrar-se sobre o tema.

b. Sua missão

                Dissemos que kundalini existe no homem para controlar sua evolução. A evolução de seu organismo físico e a evolução de sua alma, a qual a través de múltiplos “aperfeiçoamentos” deverá aproximar-se de Deus até fundir-se com ele. Tudo isto está padronizado no corpo e na alma do homem, sendo quase impossível poder apartar-se deste condicionamento.

                Vimos que há dois caminhos opostos no destino de cada homem, e que em algum momento de seu extenso peregrinar deverá optar por um deles: o caminho da alma ou o caminho do espírito, o caminho da fusão ou o caminho da transmutação.

                Se opta pelo caminho da alma, uma vez devidamente “aperfeiçoada” esta, intervirá a força kundalini. Quando a alma se encontre perfeitamente “purificada” e próxima a Deus, kundalini despertará na base da coluna vertebral e subirá até o crânio e fora dele. Nesse momento esse homem haverá se tornado um com Deus através de sua alma. Seu eu haverá se desintegrado e Deus haverá tomado conta dele através de kundalini. Esse homem haverá  renunciado a seu espírito para sempre, e haverá obtido a “consciência cósmica”, a fusão completa com Deus.

                Ao contrário, se um homem tentou separar-se deste destino padronizado de fusão com Deus, diante da menor intenção de liberação intervirá igualmente kundalini, para processá-lo novamente no “caminho correto”. Se o rebelde persistir em abandonar o rebanho e for impossível sua “recuperação”, o representante de Deus no homem terá a obrigação de destrui-lo e desintegrá-lo.

c. A batalha final

No caminho do espírito, dissemos que o guerreiro lutará sempre por despertar e aumentar seu eu, aproximando-se cada vez mais de seu espírito. Até ter o poder suficiente, o guerreiro evitará a força kundalini que lutará para submetê-lo ou destrui-lo, que é a mesma coisa. Mas uma vez acionada a luta, quando tudo ao seu redor treme e desaparece, o guerreiro só contará com seu eu poderoso para se juntar a ele e evitar a desintegração, se fosse “fagocitado” por kundalini.

                Só há dois entes que não podem ser destruídos pela força de Deus no homem, também chamada “Deus-Kundalini”: a alma “purificada” e o espírito liberado de suas correntes.

                A alma devidamente “aperfeiçoada” é invadida por kundalini, fundindo-se em Deus. O espírito em estado puro será absolutamente temido e evitado por kundalini, quem temerá ser destruída por ele e despojada de seus poderes.

                A imensa maioria dos seres humanos comuns, que guardam em si mesmos características tanto da alma quanto do espírito, não teriam nenhuma possibilidade de sobreviver se despertasse kundalini dentro deles. Isto poderia ocorrer por acidente, ou por irresponsável experimentação com drogas ou exercícios.

                Quando um espírito alcança um nível importante de liberação, kundalini tratará de evitá-lo e não encontrar-se com ele. É então quando o espírito, buscando apoderar-se da força kundalini para seus próprios fins, pode desafiá-la e obrigá-la a combater. Se fracassa, será devolvido à prisão por outro imenso período de tempo. Se triunfa, haverá se separado absolutamente do mundo criado e de suas leis por toda a eternidade, e haverá adquirido um poder similar ou superior ao do Deus Criador.

Esse post foi publicado em Outros Textos. Bookmark o link permanente.

2 respostas para Yoga Mental

  1. Amiga Sua disse:

    Cássio, acha mesmo que irei ler essa porra toda?

  2. Tiago disse:

    Nossa, muito bom mesmo !

Deixar mensagem para Amiga Sua Cancelar resposta